Inclusão Digital de Professores e Alunos das Escolas Públicas do Semiárido Potiguar

Conhecimento, escola e comunidade:: experiências no âmbito do programa novos talentos


 

Introdução

 

     Um dos maiores desafios da educação na atualidade é a convivência na sociedade informatizada. A propalada “sociedade da informação” requer das pessoas conhecimento mínimo em informática para que sejam consideradas cidadãs (TAKAHASHI, 2000). Se esse saber é importante ao exercício da cidadania, o que dizer dos milhares de brasileiros que se encontram à margem da inclusão digital? Eis um grande percalço para as políticas públicas educacionais do Brasil.

     São muitos desafios, os quais não significam apenas que devemos saber navegar pela internet, mas que precisamos definir os rumos para a busca da informação que nos interessa, no intuito de transformá-la em conhecimento. Para isso, também precisamos conhecer o que são as tecnologias digitais e o papel do ensino na formação do cidadão na sociedade contemporânea.

     A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9394/96 (BRASIL, 1996), e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica (BRASIL, 2013) trazem, no seu escopo, orientações para o trabalho com a multiplicidade de ambientes, linguagens e recursos com os alunos, objetivando contextualizar a sua formação, na intenção de prepará-los, também, para conviver numa sociedade cada vez mais tecnológica, de múltiplas linguagens escritas, sonoras, visuais, imagéticas e simbólicas em que se proliferam inúmeros gêneros digitais. Disso decorre a necessidade de uma reflexão crítica a respeito das diferentes mensagens do cotidiano.

     No estado do Rio Grande do Norte, a maioria das escolas (cidade) já conta com alguns equipamentos de informática, estes ligados à rede mundial de computadores. No entanto, será que esses computadores são, realmente, utilizados para apresentar e aprofundar os conteúdos curriculares?

     Para o professor que procura qualificar suas aulas com o uso do computador e das tecnologias da informação e comunicação (TIC), fazendo do laboratório uma extensão da sala de aula, o planejamento é uma condição sine qua non para o êxito de seu trabalho. Contudo, para a eficácia do serviço de um laboratório na escola, são importantes algumas recomendações, a saber: escolher os conteúdos em função dos objetivos do ensino; selecionar os programas a serem utilizados; elaborar o roteiro da aula; incentivar a interação e o uso de jogos educativos; explorar o material audiovisual; permitir que o aluno seja mais criador do que espectador; evitar a desatenção; e favorecer a criação de momentos lúdicos. Fica uma questão, porém: será que o professor está atento a essas recomendações?

     Já não é mais admitido que o laboratório de informática da escola seja usado apenas para aulas de informática, tampouco utilizado sem objetivos definidos. Cabe-nos, todavia, enfatizar que o professor não pode ministrar suas aulas pensando que os alunos já tenham conhecimento pleno sobre o manuseio do computador. Também não deve usar o laboratório de informática apenas como distração, nem permitir que os estudantes fiquem dispersos ou sozinhos, além de saber medir a censura quanto ao acesso (pode acontecer que os alunos “fujam” do proposto e acessem redes sociais).

     Todas as formas de interação proporcionadas pela era informacional, principalmente quando se está conectado à internet, geram transformações explícitas no comportamento de seus usuários, independentemente de idade, classe social, sexo e formação individual. Seja por meio das transmissões de TV ou do que é acessado via computador, pessoas comunicam-se, adquirem informações e transformam seus comportamentos, o que significa grandes desafios, sobretudo no que concerne a refletir sobre o papel da escola neste novo milênio de mudanças, por vezes, amedrontadoras.

     Diante desse cenário de transformação, o qual requer ampla discussão e políticas educacionais que primem pela qualificação docente, um grupo de professores da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), campus de Angicos, empreendeu e obteve aprovação de um projeto de capacitação. Envolvendo professores e alunos das escolas da Rede Pública de Ensino, a iniciativa visa a habilitá-los para o uso do sistema operacional Linux dos programas BrOffice BrOffice BrOffice Impress e da internet, no intuito de contribuir para eficácia do processo de ensino-aprendizagem, bem como incentivar a produção de novas metodologias de ensino e de materiais didáticos utilizando as TIC. Além da capacitação em informática básica, na segunda edição do programa, em 2012, foi agregado ao projeto a capacitação de professores de Matemática e alunos para o uso do software a fim de amenizar as dificuldades na aprendizagem de conceitos matemáticos (de Geometria e Álgebra).

     A execução do projeto compreendeu o período entre 2011 e 2012, beneficiando os municípios de Angicos e Fenando Pedroza. Inicialmente, ocorreu apenas no primeiro, onde está encravado o primeiro campus de expansão da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA). Apesar de, em 1963, Angicos ter sido palco da experiência pioneira do educador Paulo Freire – conhecida como 40 Horas –, ainda hoje possui indicadores sociais nada animadores. A cidade de Fernando Pedroza conheceu as ações do Novos Talentos a partir de 2012.

     A seguir, apresentamos um breve panorama relativo ao contexto de inserção das ações do Programa Novos Talentos na região do semiárido potiguar.

 

Contexto

 

     A UFERSA foi criada em 2008, mas seu funcionamento se iniciou somente a partir do ano seguinte. A instituição é fruto do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI) do Governo Federal, acolhendo o desafio de contribuir com o desenvolvimento da região semiárida potiguar. Para tanto, passa a considerar a necessidade de avançar em trabalhos que envolvem a criação de tecnologias, a formação de profissionais em várias áreas do conhecimento e a capacitação de professores da Educação Básica, tudo isso visando a contribuir para o crescimento do estado do Rio Grande do Norte (RN).

     A interiorização da UFERSA aconteceu num contexto em que o governo do RN, por meio da Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEEC), havia estabelecido, em 2008, um conjunto de discussões que propunha a construção do Plano de Ações Articuladas (PAR). Ciente desse cenário, a UFERSA passa a interagir de forma mais direta com os dados relacionados à Educação Básica, acolhendo o desafio de iniciar a experiência na formação de professores. Uma das ações que consta no programa construído é a abertura de cursos de licenciatura em áreas estratégicas para o desenvolvimento da educação no RN. Dentre algumas áreas, situamos as de Computação e Matemática, que tiveram, por consequência, suas respectivas licenciaturas ofertadas no campus de Angicos, por meio do Plano Nacional de Formação de Professores de Educação Básica (PARFOR), na modalidade semipresencial, a partir de 2009.

     O Programa “Novos Talentos – Investindo em Novos Talentos da Rede de Educação Pública para Inclusão Social e Desenvolvimento da Cultura Científica” e para o Uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) –, financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela Diretoria de Educação Básica Presencial e pela Coordenação Geral de Desenvolvimento de Conteúdos, foi a primeira ação de extensão aprovada pelo grupo de professores atuantes no PARFOR, na licenciatura em Computação, voltada notadamente à capacitação de professores e alunos das escolas públicas com foco na inclusão digital desse público.

     Quanto aos municípios beneficiados pela ação do Programa Novos Talentos, cabe-nos informar que Angicos tem população de 11.525 habitantes (IBGE, 2009), possui Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ordem de 0,688 (PNUD, 2000), e seu índice estimado de analfabetismo compreende 26,34% da população. Já o município de Fernando Pedroza possui extensão de 322,626 com população de 2.854 habitantes e IDEB 3,0. Ambos integram o semiárido potiguar, região que apresenta baixos indicadores sociais, assim como acontece com boa parte dos municípios nordestinos localizados nessa área.

     Em relação aos indicadores educacionais, alguns municípios do Rio Grande do Norte apresentaram melhoria no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) de 2011, mas ainda há quadros preocupantes que demandam intervenções públicas urgentes, como é o caso de Pedro município vizinho a Angicos, que possui a escola com um dos menores IDEBs do Brasil relacionados aos anos finais do Ensino Fundamental (INEP, 2012).

     Na classificação geral, o Rio Grande do Norte obteve os seguintes índices quanto ao Ensino Fundamental: nas séries iniciais (4ª série/5º ano), ocupa a 23ª posição, com o IDEB 4,1; nos anos finais (8ª série/9º ano), também está na 23ª posição, com o IDEB 3,4. Quanto ao Ensino Médio, novamente em 23ª lugar, ficando o IDEB em 3,1.

     No caso específico de Angicos, o IDEB 2011 foi de 4,2 para o nível 4ª série/5º ano e de 3,1 para o nível 8ª série/9º ano, ficando, portanto, acima das metas projetadas (3,2 e 2,7, respectivamente), porém abaixo do IDEB de diversos municípios do Rio Grande do Norte (INEP, 2013).

     Esses dados revelam que o Programa Novos Talentos tinha, nesse contexto, as condições requeridas para seu desenvolvimento, ou seja, para a melhoria das oportunidades de ensino-aprendizagem nas escolas.

 

A formação de professores para o uso de TIC na educação

 

     Todas as inovações promovidas pelo aparato tecnológico trazem alterações sociais decorrentes da banalização do exercício e do acesso às tecnologias eletrônicas de comunicação e informação. A escola, como instituição formal, não fica de fora dessa influência, haja vista as alterações refletirem sobre as tradicionais formas de pensar e fazer educação (KENSKI, 2003).

     Nesse cenário complexo, é necessário que se problematize as concepções de ensino e aprendizagem vigentes, que estão profundamente arraigadas nas escolas. Para que as TIC possam se tornar meios de aprendizagem, melhorando os processos de ensino e os resultados, urge que professores e demais atores educacionais repensem sua compreensão de ensino e que sejam sensíveis às novas maneiras de aprender das crianças e jovens de hoje. Decorre disso as TIC apresentarem, invariavelmente, três tipos de efeito: primeiro, alteram a estrutura de interesses; segundo, mudam o caráter dos símbolos; por último, modificam a natureza da comunidade (SANCHO, 2006).

     O grande desafio é levar os profissionais da educação à mudança imediata de sua forma de conceber e pôr em prática o ensino permeado pelo uso de novas ferramentas. Muitas vezes, as TIC são usadas para reforçar as crenças existentes sobre os ambientes de ensino, em que ensinar é explicar, aprender é escutar, e o conhecimento é aquilo que contêm os livros-texto (CUBAN, 1993 apud SANCHO, 2006).

     Inegavelmente, para promovermos uma mudança educativa com o apoio das TIC, devemos ter clareza de que será um processo contínuo e que implica a participação decisiva de boa parte da comunidade educativa, do Ensino Fundamental ao Médio, de professores a alunos, também envolvendo a gestão e o corpo técnico-administrativo das escolas. Segundo Moran, Masetto e Behrens (2013), educar é colaborar para que docentes e estudantes, nas escolas e organizações, transformem suas vidas em processos permanentes de aprendizagem. Logo, a educação precisa ser constantemente repensada, bem como é necessário buscar formas e alternativas para aumentar o entusiasmo do professor e o interesse do educando. As novas tecnologias assumem um importante papel em tal processo, principalmente quando o acesso à internet faz parte do cotidiano dos jovens. Na escola, a rede mundial constitui-se como fonte significativa de pesquisa, mas poucos fazem a aplicação correta desse instrumento, principalmente com a finalidade de pesquisar.

     A pesquisa escolar é uma prática amplamente utilizada em sala de aula, seja por estudantes da Educação Básica ou do Ensino Superior. Algumas vezes, ao solicitar que pesquisem, nem sempre o professor oferece os caminhos, nem os ensina como pesquisar. Ao utilizar a internet como fonte de pesquisa, é importante que o professor determine o que realmente deseja pesquisar e guie os alunos no processo. Se isso não acontece, significa que ao docente interessa apenas o produto. O professor que trabalha sem orientar e acompanhar seus estudantes tem, muitas vezes, a internet como uma ameaça para sua profissão, e a ação dos alunos acaba por ser o uso ilimitado do recurso “copiar e colar” (o famoso “Ctrl+C” e “Ctrl+V”). Tal atitude por parte do professor não gera qualquer reflexão, tampouco produz conhecimento.

     O que deve ser feito? É simples de responder. Basta que o docente acompanhe seus alunos durante a realização de uma pesquisa. Um pouco mais trabalhoso, é verdade, já que é necessário elaborar uma sequência didática eficaz, com objetivos estabelecidos, e desenvolver, por que não, um projeto de trabalho com a turma. Para tanto, o educador deve estar familiarizado com os endereços da rede nos quais o educando buscará a informação, o que significa dizer que apenas indicar páginas eletrônicas não basta. Tais orientações tornam o Laboratório de Informática da escola em uma sala de aula dinâmica, em que a aprendizagem é mais prazerosa.

     As tecnologias estão a cada dia ganhando mais espaço, seja dentro ou fora da sala de aula. De qualquer maneira, ainda há problemas de aceitação por parte dos professores em utilizá-las. Segundo Morone (2011), é algo que se dá por se depararem com sentimentos como satisfação, ansiedade, angústia, fora o medo de enfrentar as mudanças impostas à escola, como o uso da informática aplicada à educação. Esses sentimentos são resultantes de um processo natural dos seres humanos, pois bem sabemos que a mudança é necessária, o que nos falta é como saber lidar com ela. Nesse aspecto, a autora ainda acrescenta: “no processo de aprendizagem o professor é mediador na busca do conhecimento pelo aluno e, para tanto, precisa lançar mão de determinados recursos” (MORONE, 2011, p. 9).

     Sendo assim, a participação de professores em projetos de capacitação é importante para a (re)construção de práticas pedagógicas que incorporem as tecnologias presentes em nossas vidas, uma vez que a era digital faz parte da evolução do homem. Essa afirmação não significa descartar todo o caminho trilhado pela linguagem oral e escrita, apenas ressalta como é possível, usando-se dos recursos tecnológicos, transformar os alunos em produtores de conhecimento (FRANCO, 2011).

     Recentemente, a Secretaria Municipal de Educação ofertou, em parceria com o Ministério da Educação, formação para 30 professores – número pequeno, cabe ressaltar – na área de informática, por meio do Programa Proinfo (Proinfo buscando a dinamização e a articulação entre o saber teórico e a informática aplicada e promovendo a inclusão digital com visão pedagógica, tão necessária neste novo milênio. Nesse contexto, contudo, estariam os professores incorporando as tecnologias no processo de ensino? Estariam os alunos habilitados para usar o computador e as ferramentas da internet?

 

O programa Novos Talentos na UFERSA

 

     No ano de 2011, as ações do Programa Novos Talentos consistiram em ofertar a professores da rede municipal e estadual, especificamente da Escola Estadual Prof. Francisco Veras e da Escola Municipal Prof.ª Maria Odila – ambas localizadas em Angicos –, e a seus alunos (9º ano do Ensino Fundamental II e 3º ano do Ensino Médio) formação para o uso do computador e a incorporação das novas tecnologias no processo de ensino-aprendizagem.

     A formação ofertada aos docentes tem por objetivo levá-los a repensar o uso do computador e das TIC, não como fim, mas como meio do processo de ensino, e que assim possam trabalhar os conteúdos curriculares de forma contextualizada e significativa, em um permanente processo de ação-reflexão-ação.

     Num primeiro momento, atingimos 92% da meta (prevíamos capacitar 50 professores das duas escolas) para o uso do computador e das TIC no processo de ensino-aprendizagem. Em relação aos estudantes, alcançamos 89% da meta (prevíamos capacitar 100 alunos, ou melhor, 50 de cada escola).

     A formação dos professores e alunos foi ministrada nos Laboratórios de Informática da UFERSA, campus de Angicos, no contraturno das atividades escolares. Além da infraestrutura (uso dos laboratórios), a universidade também se encarregou da logística dos participantes para as dependências do

     No ano de 2012, por meio de parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Fernando Pedroza, formamos duas turmas: uma de professores, atingindo 76% da meta (prevíamos alcançar 25 professores), mais as turmas de estudantes dos dois municípios. Em Fernando Pedroza, a formação foi dada a docentes e estudantes da Escola Municipal Fabrício Pedroza e da Escola Estadual Prof.ª Francisca Alves da Silva. Em Angicos, continuamos a trabalhar somente com os alunos das duas escolas parceiras, visto que identificamos na edição anterior que boa parte era oriunda da zona rural.

     Como ferramentas computacionais, foram usados softwares gratuitos, desde o Sistema Operacional, até o navegador Mozilla Firefox usado nas aulas de internet. Cada temática ministrada decorreu do planejamento do grupo de professores da área de Educação, Computação e Informática que atuam na Licenciatura em Computação e Informática da UFERSA, campus de Angicos-RN. Os conteúdos ministrados foram: introdução ao Linux Educacional abordando suas principais funcionalidades, seus aspectos de configuração e a personalização do ambiente de trabalho de forma que melhor se adaptasse aos usuários; BrOffice em que foram abordados conceitos e funcionalidades para a elaboração de textos aplicados aos variados gêneros textuais; BrOffice suas funcionalidades, ferramentas e sua aplicação no cotidiano; e BrOffice Quanto ao conteúdo relativo ao uso da internet, consistiu em: como realizar pesquisa na internet; o uso de buscadores e como eliminar o “lixo”; o uso de ambientes virtuais de aprendizagem; uso de e-mail, redes sociais e e alguns objetos digitais.

     A formação esteve fundamentada em aulas teóricas e práticas, sendo 32 horas presenciais nos laboratórios e 8 horas a distância, visto que as escolas dos cursistas são equipadas com computadores ligados à internet. No início da formação, todos os participantes receberam material impresso e digital (CD-ROM) para leitura e realização das atividades fora do ambiente de formação (os laboratórios).

     Em 2012, além das atividades pertinentes à capacitação em informática e o uso de TIC para professores e alunos das escolas públicas, oferecemos formação para o uso do software GeoGebra para o ensino dos conteúdos de álgebra. O GeoGebra consiste em um software livre, aplicado em diversas áreas de conhecimento, tais como Matemática, Física, Estatística e Engenharia, e que pode ainda ser utilizado nos diversos níveis de ensino, seja Educação Básica ou Superior.

     Por meio das ações desse projeto, foi possível identificar resultados significativos no que diz respeito à mudança metodológica dos professores que participaram das oficinas oferecidas ao longo do período proposto para aplicação do programa. Além de ofertar formação a quatro professores da Educação Básica, sendo dois da Escola Estadual Prof. Francisco Veras e dois da Escola Municipal Maria Odila, a ação contemplou 670 e 470 alunos das duas instituições, respectivamente.

     A formação foi realizada nos laboratórios de Matemática e Informática do campus de Angicos. Ao longo da realização das oficinas, pudemos notar que houve melhor aproveitamento e maior interesse em aprender Matemática com o uso do visto ser um software que possibilita a visualização da construção de diversos conceitos matemáticos, tais como gráficos de funções, matrizes, derivadas, cálculo de áreas, integral, conceitos de ponto, reta, plano, espaço, noção de distância entre pontos e curvas, funções de várias variáveis, dentre outros conceitos matemáticos.

     Os instrumentos utilizados no processo de avaliação da aprendizagem dos alunos quanto ao uso do software incorporaram as atividades baseadas nos livros didáticos utilizados pelos professores nas escolas parceiras. A título de ilustração, para as séries iniciais, desenvolvemos o módulo de atividades do GeoGebolinha, composto por uma cartilha de exercícios associados ao uso do computador e ao na tentativa de resolver as questões-problemas.

     Em função do sucesso do projeto no âmbito da UFERSA, em novembro de 2012 foi fundado o GeoGebra Institute of Rio Grande do Norte. Além disso, foi realizado o I Seminário do Grupo de Estudos GeoGebra, em que tivemos a presença de convidados, que proferiram palestras, ofertaram minicursos e discutiram acerca do uso do software GeoGebra nas diversas áreas do conhecimento e nos diversos níveis de ensino.

     Quanto à operacionalização do Programa Novos Talentos na UFERSA, além do corpo docente interdisciplinar, contamos ainda com o auxílio de monitores, todos voluntários, visto que o programa não previa pagamento de bolsa. Os monitores eram estudantes do curso de Licenciatura em Computação e Informática, do Bacharelado em Sistema de Informação e do Bacharelado em Ciência e Tecnologia.

Conclusão

 

     Atualmente, as pessoas têm acesso cada vez mais fácil e rápido à informação e à comunicação, em função do avanço tecnológico e à dispersão do uso das TIC, o que requer mudanças constantes e inevitáveis na vida em sociedade. Essas mudanças ocorrem de forma cada vez mais acelerada, fazendo com que o modo como percebemos o mundo mude constantemente.

     Esse cenário requer que as instituições escolares estejam preparadas para a formação de um novo cidadão. Importante papel nesse processo, portanto, têm as universidades na formação inicial dos professores, bem como na oferta de projetos e programas de extensão.

     Ao cumprir sua missão social na região semiárida, a UFERSA, por meio do Programa Novos Talentos, pôde contribuir com a diminuição da exclusão digital. Além disso, oportunizou aos universitários a noção das dificuldades vivenciadas por professores e alunos das escolas públicas quanto à infraestrutura existente nessas instituições e quanto ao conhecimento que o público-alvo tinha acerca do uso do computador e das TIC. Alguns licenciandos chegaram a afirmar que tomaram gosto pela docência a partir do que presenciaram no curso, colocando-se à disposição do projeto para futuras atividades. Outro dado importante foi o envolvimento qualitativo dos alunos de Licenciatura em Computação e Informática, que, em função da formação pedagógica que recebem durante o curso, os diferenciou dos demais monitores.

     Durante o encerramento da formação dos professores, fizemos uma enquete quanto à satisfação e os pontos fracos e fortes da formação. Eis alguns depoimentos: este curso venha se repetir para que possamos aprender mais sobre a área de informática e que no próximo, a carga horária seja mais Quanto aos monitores, alunos da Licenciatura em Computação e Informática, uma professora que participava da capacitação escreveu: os monitores pela competência do trabalho Outra docente mencionou quanto à equipe de técnico-administrativa: ótimos os professores. Todos capacitados e muito pacientes com as alunas. [O curso] ficou a desejar devido ao pouco

     No geral, a carga horária (40 horas) foi o ponto crítico da formação. Houve unanimidade em dizer que foi pouco tempo, decorrente da necessidade que tinham em aprender a utilizar mais ferramentas, explorar mais os conteúdos da internet, entre outras situações. Dentre os entraves apontados pelos professores que receberam a formação, destacamos o número limitado de máquinas existentes nas escolas para os alunos (o ideal seria um equipamento para cada dois alunos) e o estado de conservação e atualização dos equipamentos, geralmente ruins. Aos projetos futuros, pensamos em agregar novos conteúdos e revisarmos a carga horária da formação.

 

Referências

 

BRASIL. Ministério da Educação. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal em Nível Superior. Diretoria de Educação Básica Presencial. Programa de apoio a projetos extracurriculares: investindo em novos talentos da rede de educação pública para inclusão social e desenvolvimento da cultura científica. Edital CAPES/DEB n º 033/2010. Brasília, 2010. Disponível em: . Acesso em: 29 ago. 2016.

 

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996. Disponível em . Acesso em: 29 ago. 2016.

 

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão; Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica; Conselho Nacional da Educação; Câmara Nacional de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Brasília: MEC; SEB; DICEI, 2013. Disponível em: . Acesso em: 29 ago. 2016.

 

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA – INEP. IBED resultados e metas. 2011. Disponível em: . Acesso em: 29 ago. 2016.

 

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA – INEP. Estatísticas do INEP Disponível em: . Acesso em: 29 ago. 2016.

 

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Perfil dos municípios brasileiros 2009. Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: . Acesso em: 29 ago. 2016.

 

KENSKI, V. M. Tecnologias e ensino presencial e a 2. ed. São Paulo: Papirus, 2003.

 

MORAN, J. M.; MASETTO, M. T.; BEHRENS, M. A. Novas tecnologias e mediação 21. ed. Campinas: Papirus, 2013.

 

MORONA, D. A informática na educação: uma análise da formação dos professores e da utilização desse recurso no ambiente escolar. 2004. Monografia (Especialização em Didática e Metodologia do Ensino Superior) – Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma. Disponível em: . Acesso em: 02 abr. 2013.

 

PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO NO BRASIL – PNUD. Ranking IDHM Munícipios Disponível em: . Acesso em: 29 ago. 2016.

 

SANCHO, J. M. De tecnologias da informação e comunicação a recursos educativos. In: SANCHO, J. M.; HERNANDEZ, F. (Org.). Tecnologias para transformar a educação. Porto Alegre: Artmed, 2006. p. 15-41.

 

TAKAHASHI, T. (Org.). A sociedade da informação no livro verde. Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia, 2000.


²⁰ O campus da UFERSA Angicos está situado entre a capital, Natal (171 km), e o município de Mossoró (100 km), no qual está localizado o campus sede (UFERSA Mossoró). Limita-se ao Norte com os municípios de Afonso Bezerra e Pedro Avelino; ao Sul, com Santana do Matos e Fernando Pedrosa; a Leste, com Pedro Velho, Pedro Avelino e Lajes; e a Oeste, por Itajá e Ipanguaçu.

²¹ Nesse município, em 2012, desenvolvemos um projeto de formação de professores das escolas rurais para o uso de TIC no processo de ensino. O projeto teve financiamento do Ministério das Comunicações e da Secretaria de Inclusão Digital (MC/SID).

²² O Proinfo Integrado oferta capacitação a professores e gestores de escolas públicas, no intuito de promover a inclusão digital e social. Por meio dos cursos, os professores ampliam seus conhecimentos sobre mídias e tecnologias, desenvolvem habilidades básicas – por exemplo, de manejo do computador –, dinamizam e qualificam os processos de ensino e de aprendizagem, visando à melhoria da qualidade da Educação Básica.